REPÚBLICA DEMOCRÁTICA DE TIMOR-LESTE

Decreto Presidente

63/2011

Aos 19 anos, após a invasão indonésia, Taur Matan Ruak retira-se para a montanha e torna-se combatente das FALINTIL. Demonstrando uma rara inteligência e grandes capacidades de liderança, em 1979 assume o cargo de comandante de Companhia, não sem antes ter superado os graves golpes sofridos pela resistência durante esses primeiros anos.



Também em 1979 é capturado, evadindo-se ao fim de 23 dias de prisão. Devido ao sucesso da fuga, consegue participar plenamente na reestruturação da luta armada protagonizada por Xanana Gusmão após a morte de Nicolau Lobato.



Dez anos depois, e já com larga experiência operacional, é promovido a vice-chefe do Estado-Maior das FALINTIL, ficando responsável por todas as operações especiais. A captura de Xanana Gusmão, em 1992, leva-o a assumir o posto de Chefe do Estado-Maior. E a morte de Konis Santana em 1998, leva-o a ascender ao cargo de Vice-Comandante em Chefe das FALINTIL, no qual permanece até à libertação.

Em todo este trajecto demonstrou sempre um espírito de lealdade invulgar, e uma capacidade de liderança que lhe mereceu o respeito de toda a hierarquia da luta armada e das demais frentes de luta.



A partir de 1999 coloca as suas invulgares capacidades ao serviço da construção da paz, sendo o grande mentor da transformação das FALINTIL nas FALINTIL-FDTL. Na verdade, é por grande mérito seu que uma força de guerrilha se transforma numa força militar convencional, de cariz nacional, ao serviço da sociedade, e subordinada ao poder político constitucional.



Com a maior justiça, e pela primeira vez na história das Nações Unidas, esta organização reconfirmou a patente de General a um combatente da libertação. Condecorado com a Ordem da Guerrilha, com a Medalha de Mérito, e pelos serviços prestados na Operação Halibur, foi agraciado em 2009 com o Colar da Ordem de Timor-Leste, a mais elevada condecoração conferida a cidadãos timorenses.



Na hora em que, por pedido expresso seu, o Major-General Taur Matan Ruak solicita a sua exoneração como Chefe de Estado-Maior-General das Forças Armadas (FALINTIL-FDTL), lugar que ocupa desde o primeiro dia da Restauração da Independência, a 20 de Maio de 2002, é meu dever, em representação do Povo Timorense, prestar a mais profunda honra e expressar o maior agradecimento e votos de felicidades a quem, por várias vezes e merecidamente, tem sido considerado o “pai das novas Forças de Defesa de Timor-Leste”.



Assim, ao abrigo do disposto no art.º 86.º, alínea m) da Constituição da República Democrática de Timor-Leste, do art.º 2.º do Decreto-Lei n.º 18/2006, de 8 de Novembro, e do art.º 3.º, n.º1 do Decreto-Lei n.º 32/2009, de 25 de Novembro, sob proposta do Governo e após audição do Conselho Superior de Defesa e Segurança, o Presidente da República decreta o seguinte:



A pedido do próprio, exonero o Major-General Taur .Matan Ruak (José Maria de Vasconcelos) do cargo de Chefe de Estado-Maior-General das Forças Armadas (FALINTIL-FDTL).





José Ramos-Horta

Presidente da República Democrática de Timor-Leste



(Aos 04 dias do mês de Outubro de 2011, no Palácio Presidencial Nicolau Lobato)